A FORÇA DOS ESPECTROS

A noite cai. Vejo as pessoas passando por mim rumo às suas casas, alheias a tudo. Mas o que digo? Não seremos nós, apesar de todo o poder e conhecimento, quem permanece à margem das coisas? Eu já fui como eles, sei que apenas seus sonhos alimentam nossa existência. Para nos destruírem, basta que soprem a vela e durmam em paz.

MINHA 2º MORTE...

Eu me lembro do tiro.

Lembro-me quase de tudo da rua girando enquanto caía. Lembro-me do asfalto e da certeza de que estava morto. Isso são coisas bem claras pra mim, mais clara do que tudo que estou vivendo agora. Talvez seja tudo alucinação, talvez a morte seja uma grande alucinação.
E agora eu percorria feliz as corredores da casa sem perceber a tristeza da vida que á medida que os dias se passavam. Tentei em vão alegrá-la, até perceber que era eu a causa de todo este sofrimento. Sofrimento calado e contido, mas que não podia mais ser evitado ou escondido.

Era a hora de partir!!!

ALÉM

As trevas se anunciam atráves do crepúsculo
Selene vem no céu nos saudar
Com vestido estrelado, com semblante pálido
Eu como sempre já disperto nesse instante

Minhas vestes negras mesclam as trevas
Sou um vampiro se dento pelo seu sangue
Em meu punho um licor avermelhando
Deixando no boca o doce sabor do sangue

Teu mundo cético agride a sociedade
Angustia, desespero e com dor no pavor
Caminhando para tuas famílias

Porém do outro lado da rua está Hades
De braços abertos para ti...
Fite meus olhos e prepare meu trono

Cladio N. Yasaka Jr.
28.02.2002

NA NOITE

O silêncio da noite se quebra
Sussurros do vento misturam-se ao som de lamentos
Das pessoas que vagam pela noite
Alheias a tudo quem será a vítima do seu jugo

Desprovidos do calor da vida
Do conforto da morte
Estado morbido de tristeza e depressão
Vagam pelo noite como chacais vis
Quero me depurar na sombra da noite
A vista disso não tenho mais nada
Bruma da minha esperança consumida

Contudo o silêncio volta a reinar
Acende minha vela e vá
Rumo ao deleite do seu delito

Claudio N. Yasaka Jr.
28.02.2002

O ELO

Porque de coabitar?
Se o amor se faz de coagir...
No meu desencanto íntimo
Se faz intimorato o amuo

Amei você até quando seu amor
Era de desdém
Agora você me ama!?!
Mas meu está morfético

Sua fala inavertida me agride
A minha fere em volúpia ardente
Oh! Amor mortuário

Ainda te amo
Entre a luz e as trevas...
Porém a morte é o elo que nos une...

Claudio N. Yasaka Jr.
26.02.2002

Injúrias à mim (Dedico soneto à Vera Lucia C.)

Suas palavras de injúrias
Sua mente é plena em seu juízo
Que importa o que é certo ou errado
Em sua concepção "você tem o poder!"

Como um urubu rodeia os corpos já consumidos
A espreita do último suspiro
Entre seus risos de hiena
Sangrará suas lágrimas de crocodilo

Sua visão de ordem e respeito é em vão
Se sua própria prole se rebela contra ti
Cada rosa que colher sentirá os espinhos rasgando tua pele

Enquanto aponta erros alheios
Esquece que o seu reflexo no espelho revela suas falhas
Disse um sábio, o poder corrompe, o poder total, corrompe totalmente

Claudio N. Yasaka Jr.
02.04.2002

BUSCA

Mais uma lua
Um grito
"Levantar ancora
Estender velas"

De norte a sul
De leste a oeste
A busca está ruim
Traga um barril de rum

Na maresia o barco pára
É o capitão que balança
Sol estrelado
Mais um barril de rum

No topo do mastro
Se vê terra firme
O capitão no conves
Aguarda o aviso...

"Mulher á vista"


Claudio N. Yasaka Jr.
21.02.2003